Ao longo da história da
humanidade percebemos um processo de formação das pessoas onde os mais velhos
ensinam aos mais novos os seus costumes, os seus valores, as suas regras de
convivência, enfim todos elementos necessários para que aquele que ora passa a
integrar o grupo possa efetivamente contribuir com o desenvolvimento da
sociedade em questão e em breve possa igualmente reproduzir nos seus
descendentes os costumes, valores e regras do seu momento histórico. Esse processo
pode ser compreendido como educação ao lembrarmos do sociólogo francês Émile
Durkheim que afirmava que, "A educação tem por objetivo suscitar e
desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela
sociedade política no seu conjunto", e a partir do
aprimoramento de tais estados esta criança adentra a maioridade com total
plenitude de participação nas dimensões social, política, econômica e religiosa.
De fato inúmeras mudanças ocorridas
nas relações humanas estão diretamente vinculadas aos processos educacionais
que foram empreendidos em dados momentos históricos, evidenciando que a
educação funciona como o agente garantidor do modus vivendi das sociedades. É certo também que vários podem ser
os motivos provocadores das mudanças, indo dos clamores populares oriundos de
uma revolução até a vontade pessoal e indômita de um governante desequilibrado.
O ponto pacífico é que seja de uma forma ou de outra para que a sociedade possa
intervir positiva ou negativamente na construção do caráter e da personalidade
dos indivíduos terá que fazê-lo por meio da educação.
Assim temos a Paidéia grega, com
os ensinamentos de lógica, história, política, retórica e filosofia, a educação
indígena que buscava garantir o domínio das
habilidades para viver adequadamente no ambiente, para manusear os instrumentos
de caça, pesca e guerra, e a compreensão dos ritos e mitos religiosos, podemos
citar ainda a educação medieval com o ensino das sete artes liberais e o seu
objetivo precípuo fundado no aperfeiçoamento moral para a elevação do espírito,
não esquecendo de preservar o controle da igreja sobre o pensamento da época.
Então, observando alguns momentos
e aspectos da história, quer seja recente quer seja remota, identificamos minimamente
um controle do quê, por quê e para quê educar, mesmo que tais propósitos não
estivessem tão claros ou fossem obtidos de modo tão efetivo. Tornando-se
significativo aqui a condição da sociedade de saber onde se quer chegar pois
parafraseando Lewis Carroll em Alice no País da Maravilhas, “Quem pouco se
preocupa aonde ir, pouco importa o caminho que vai seguir”.
Destarte levantamos algumas questões,
a saber, Aonde pretendemos ir? A que lugar queremos chegar? Pois parece-me que
só poderemos chegar ao entendimento de qual o papel da educação atual, ao passo
que elegermos o nosso eldorado. A educação é o caminho que nos conduzirá suave
ou tortuosamente ao objetivo que socialmente escolhemos para nós e nossos
filhos.
Reavaliando então as indagações
expostas entendemos que o correto a ser elucidado é, Em que mundo queremos
viver? Conduzimo-nos a um estado de coisas onde o TER é mais importante e
necessário que o SER, onde o consumo desvairado impede de perceber o que
precisa se preservado, onde o prazer efêmero conta mais que a satisfação
duradoura, onde uma curtida no Face ou uma twitada importa mais que um longo e terno
abraço.
Nós adultos por ocasião estamos “educando”
nossos meninos e meninas para estarem cada vez mais longe uns dos outros ainda
que fisicamente estejam próximos, viciados e encantados com as maravilhas
tecnológicas, iludidos pelo entretenimento e desiludidos com a materialidade da
vida.
Se nós já não sabemos mais para
onde vamos, é porque já esquecemos também quem somos.
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