Ao
longo dos anos o processo educacional formal foi se transformando na maneira
como a sociedade consegue garantir que seus filhos possam dar continuidade em
toda a construção política, ideológica, cultural, religiosa, ora erigida em certo
período e que se espera permanecer o máximo de tempo possível.
Nessa
perspectiva a compreensão do que é educação ficou sempre vinculada à ideia de agogé, do grego conduzir, assim educar
seria conduzir alguém de uma condição para outra, resultando daí o paidós + agogé, ou seja, pedagogia. A
escola então representa o que historicamente se acreditou que era ou sempre foi
o seu papel, a saber, formar, instruir, preparar, educar, ou como diziam os
latinos educare, garantindo que
aquele que nada sabia ao ser abarrotado de informações das mais variadas naturezas,
estivesse assim saciado em sua “sede”, ainda que não soubesse que desejava “água”.
Essa
realidade se nos encontra hoje como dantes com as mesmas condições e
expectativas, tanto dos “centros” do saber como daqueles que querem conhecer. A
visão continua sendo que o jovem que receberá dentro em breve os controles da
sociedade ainda é alumnus, quer dizer
a criança que precisa ser cuidada, alimentada, preparada, fortalecida, para só
depois criar, fazer, eclodir.
Ante
tal fato poderíamos nos questionar sobre a importância do desejo de saber,
sobre a convicção de que só é possível conhecer quando efetivamente o
pensamento empreende um movimento em direção àquilo que provoca, que estimula,
que desperta, enfim que excita.
A palavra,
portanto não seria educare, mas
doutro modo educere, posto que o
conhecimento é o corolário da evolução interna ao indivíduo que perpassa por um
exercício de autoconhecimento, “Conhece-te a ti mesmo”[1],
para que só então este possa sondar outras dimensões possíveis.
Se
o maior dos filósofos atenienses estiver com a razão o compromisso da família,
da escola e da sociedade enquanto fomentadoras educacionais, não seria de
formar seus filhos, pois a forma limita, impedindo o acesso do ser a ele mesmo,
mas sim de provoca-los, instiga-los à maneira socrática, dando vazão ao fluxo
contínuo que precipita de todo aquele que se encontra consigo.
O
foco da educação sempre foi, é, e caminha para continuar sendo um amoldar do
homem ao mundo, confinando sua curiosidade e desejo no canto mais esquecido do
seu eu, quando consagrar-se-ia se aos modos de Einstein vislumbrasse que, "A educação é o que resta depois de se
ter esquecido tudo o que se aprendeu na escola."[2]
Queremos
um mundo de adultos engenhosos e criadores e para tanto adestramos nossos
meninos e meninas para serem repetidores, e quanto melhor repetirem mais
adequado foi nosso trabalho.
Plantamos
mandacaru e queremos colher rosa.